sexta-feira, 15 de abril de 2011

A confissão!

Pois bem, já nos conhecemos há cerca de alguns posts. Então acho que já está na hora de confessar uma coisa. Tem mais uma coisa de mim que todos devem saber. Então vamos direto ao ponto. Além de jornalista, mãe, mulher (de músico), sou pobre.
Está dito. Não que seja fácil encarar, mas tenho que dividir mais essa experiência. Pra quem não sabe (não que eu queira que os bixos de comunicação brochem), mas piso de jornalista é uma m...
Desculpem o termo, mas pensem no seguinte. Quatro, cinco, seis, ou mais anos estudando (no meu caso quatro).  Pagando o exorbitante valor que se investido num negócio próprio ou numa casa, talvez eu fosse hoje uma grande empreendedora, ou no mínimo, teria uma pensão. Porque pelo valor, a casa seria beeeeem Grande!
Mas não. Resolvi que seria jornalista.
Aí tu aprende a escrever. Vai de um lead a um editorial em quatro anos. Mas pauta mesmo tu arruma no dia a dia da redação.
Mas voltando ao salário. Pense em alguma coisa insignificante. Talvez em medidas seria mais ou menos assim. Você pode comprar uma bota, mas não um carro (Ah, desde que a bota esteja em liquidação). Aliás, quando tu se forma em jornalismo tu inicia a pós em “promoções, limpa lojas e coisas a fim”.
Também não foi fácil ter um computador próprio. Parece bobagem, mas levei sete anos para comprar o meu primeiro.
E fiquem pasmos, caros colegas, em 24 vezes sem juros graças a uma mãozinha de um parente (coitado!).
E o pior, terei que passar os próximos dois anos brigando com esse teclado que eu não gostei, mas vou pagar, vou usar e vou achar bom, porque eu sou realmente pobre.
Talvez você não entenda o que quero dizer com pobre. Vou tentar explicar mai um pouco. Significa que não estou na lista dos “desocupados” (ou não) que recebem Bolsa Família, mas estou na lista dos sem casa.
Pelo menos enquanto estiver pagando o meu Fies, estarei na arena, frente a frente com as tais imobiliárias, pagando aluguel.
Também quando entrei para a faculdade não percebi a cláusula: case com um marido rico e não tenha filhos.
Adivinhem casei com um músico e tive uma filha assim que me formei.
Aí comecei a maratona. Para resumir, cada móvel que tenho dentro de casa me custou no mínimo 10 vezes.
O pior é que tu acaba pegando mania de pobre.  Sim, cada vez que eu dobro as roupas, eu lembro de quanto eu paguei cada uma e qual foi o carnê.
Sim, porque carnês fazem parte da rotina. É preciso ser muito organizada para não se perder.
Quem me conhece que o diga. Eu sempre to por dentro de uma promoção. (Talvez seja por isso que eu tenha um par de bota da Hello Kity número 32 em cima do guarda roupa. Detalhe: a Caetana calça 27).
Então é isso. Ser jornalista e mãe, implica em ensinar algumas coisas para minha filha. Na hora de fazer compras a perguntinha básica “é caro ou é barato, mãe?”. Feliz de mim enquanto eu puder distinguir entre um e outro.
Também os filhos têm que ser conscientes da realidade. Talvez você pague algum mico, como eu, quando a Caetana diz, “não podemos, porque minha mãe é pobre”.
Mas também é uma boa ensinar para ela a diferença entre ser pobre de dinheiro e ser pobre de alma. Essa pobreza, graças a Deus não habita minha casa.
Mas a falta de recurso habita a casa de qualquer jornalista. Há pouco tive uma experiência que comprovou isso.
Aproveitei uma rede social na internet para divulgar que estou vendendo roupas de uma loja. A loja era da minha irmã, que fechou e agora tem que liquidar tudo pra levantar uma grana.
Eu só quis ajudar, e aproveitei a internet para fazer a propaganda.
Pensem nos comentários dos colegas de profissão. As jornalistas, quase todas se interessaram e compraram alguma coisa, ainda mais que conhecedora da triste realidade do final do mês, padeci e vendi em suaves prestações.
Já os jornalistas, que não se interessam nenhum pouco em comprar lingerie, ao ler meu post, formaram quase que uma corrente de solidariedade. Algo, do tipo “tenta que vai dar certo”. E sem saber meus motivos particulares para dar uma de comerciante, sei que no fundo meu comentário serviu de consolação para eles que devem ter pensado. “Ufa, graças a Deus, que no auge de minha formação acadêmica, não cheguei a esse ponto, de ser muambeiro!”.
Tudo bem. Afinal, cada um se vira com os bicos que pode.

Um comentário:

  1. Sim, me identifiquei muito com essas descrições. E o que dizer quando a gente consegue uma proposta de trabalho tentadora, abandona o mundo que conhece, em uma empresa que (como poucas) reconhece que teu trabalho vale mais que a merreca do piso e daí tu quebra a cara porque a empresa da proposta nova simplesmente não cumpre o que te ofereceu. Pior, você mudou de cidade de mala e cuia. Pior: comprou equipamento de trabalho caro e vai pagar em milhares de vezes porque a empresa "incentivava" (leia-se, obrigava)cada jornalista a ter sua máquina e gravador. Pior: vai abandonar a cidade mesmo assim e pagar todas as multas possíveis, inclusive, do aviso prévio, para não ficar um minuto a mais. Aaaa, será que eles parcelam o meu aviso? hahaha, bjs. Adorei

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Como diz o Roberto: fala aí!!!
Que eu vou ler...